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Desafogo

by Paulo Chaves

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1.
não leve a mal meu analfabetismo astral é tanto nome de planeta que até de luneta eu me confundo nem sei qual é o signo que casa com o meu só sei que eu gosto muito da vizinha mas se ela for de áries ou escorpião, meu deus a gente vai brigar e a culpa é minha quem mandou desprezar o horóscopo não tenho o dom de ler a sorte nas suas mãos e toda vez que eu tento meditar me bate um sono incontrolável a chave que destranca o meu chacra se perdeu e o meu terceiro olho é meio vesgo ninguém mais se interessa por artistas como eu com zero vocação pro misticismo quem mandou desprezar o horóscopo
2.
Ócio 03:12
enxugo mais um copo pra esquecer da nossa falta de assunto nessas tardes tão monótonas em meio a outra crise alérgica tô suspeitando que o pentágono monitorou nossa inércia tem um vizinho de binóculos fiscalizando nosso ócio nada de novo sob o sol tudo parado por aqui na tv só passa futebol vai me batendo uma vontade de sumir nada de novo sob o sol tudo parado por aqui nós dois de pijama e babydoll tomando coragem de assumir que já deu enxugo mais um copo pra esconder o nosso excesso de costume o nosso amor de vagalume que mais apaga do que acende tô precisando de um remédio pra me curar de tanto tédio um alvará pra me livrar dessa prisão domiciliar nada de novo sob o sol tudo parado por aqui na tv só passa futebol vai me batendo uma vontade de sumir nada de novo sob o sol tudo parado por aqui nós dois de pijama e babydoll tomando coragem de assumir que já deu
3.
lá vamos nós lavar nossas feridas outra vez cortar os pés nos cacos do vitral que se desfez não quero mais trocar meu sangue ralo pelo seu deixei pra trás o incenso que você nunca acendeu já temos condição de ver que a vida desviou as nossas rotas mas falta coração pra despedida nos restou carregar nas costas lá vamos nós vestir nossos quimonos de cetim travar mais um duelo com pistolas de festim não quero paz o caos é que mantém nosso xadrez minha torre cai derrubo teu cavalo na minha vez já temos condição de ver que a vida desviou as nossas rotas mas falta coração pra despedida nos restou carregar nas costas cada pedaço cada estilhaço desse amor
4.
Filó 03:13
nasceu, viveu, casou nunca andou de avião que dó filó cozinha, lava, passa tira o pó acorda os meninos pro café prepara a marmita para o zé reza no chão pede perdão pelos pecados que não cometeu mentiu, fugiu, sumiu saiu sem direção ninguém notou vagou pelas paradas do metrô perdeu-se no vazio da própria dor sentiu-se tão só na multidão deitou no vão, lá vem o vagão às vezes dona filó não consegue lidar com a rotina de dona do lar parou, chorou, voltou com o terço na mão que dó filó cozinha, lava, passa tira o pó acorda os meninos pro café prepara a marmita para o zé reza no chão pede perdão pelo pecado que vai cometer
5.
Mentiras 00:53
se você lembrar da minha voz e ceder outra chance pra nós dessa vez eu serei mais fiel do que todos os homens no céu
6.
Sinceras 02:20
eu prometo mudar o meu jeito infantil e fazer tudo aquilo que você me pediu mentiras sinceras são fáceis de se acreditar se um dia você me contar que já pôs outro no meu lugar vou fugir desse plano carnal vou virar ermitão no nepal eu prometo mudar o meu jeito infantil e fazer tudo aquilo que você me pediu mentiras sinceras são fáceis de se acreditar
7.
Corpos 04:31
passo todo tempo a tarde inteira à toa no sofá um peso nas costas não me deixa levantar não me reconheço mais na minha foto do crachá o espelho de casa se recusa em me mostrar tenho a sensação de haver outra pessoa presa aqui um hóspede estranho que não me deixa dormir tento resistir à tentação de ser mais um troféu no colo dos pais embrulhado por um véu no quarto sem cruz me falta o ar, perco a visão o medo conduz o ritmo da pulsação saliva e suor misturam-se ao pranto que cai na garganta um nó será que essa crise não vai passar tenho a sensação de haver outra pessoa presa aqui um hóspede estranho que não me deixa dormir tento resistir à tentação de ser mais um troféu no colo dos pais embrulhado por um véu no quarto sem cruz me falta o ar, perco a visão o medo conduz o ritmo da pulsação saliva e suor misturam-se ao pranto que cai na garganta um nó será que essa crise não vai passar
8.
Sussurro 03:19
te acalma meu bem que a gente ainda tem muito chão pra rodar é só o começo no ano que vem alguém de nós dois vai sorrir ao lembrar desses tropeços pode tirar as coisas do lugar tudo que importa eu já guardei no peito deixa pra lá essa história de sofá aqui no chão já tá perfeito é duro lidar com toda aflição de apostar no talvez é mar aberto se o barco virar aperta minha mão a gente rema outra vez até dar certo pode tirar as coisas do lugar tudo que importa eu já guardei no peito deixa pra lá essa história de sofá aqui no chão já tá perfeito
9.
Bichano 03:23
bichano viveu como rei até não viver mais perdeu uma vida porque nunca olhava pra trás foi pego em cheio pelo motorista do gás fechou para o mundo seus olhos de gato sagaz toda manhã trepava no muro pra tomar um sol bola de lã caçava rolinha, pardal, rouxinol fazia a alegria de toda criança da quadra morava na rua sozinho, sem medo de nada bichano viveu como rei até não viver mais perdeu outra vida porque cochilava demais caiu do telhado enquanto sonhava em paz fechou novamente seus olhos de gato sagaz naquela vez sentiu que sua hora estava por um triz já foram seis restava uma chance pra ser feliz fugiu pra bem longe com a gata do prédio da frente na última vida bichano viveu como gente
10.
Obsoleto 04:17
tô confuso com todas essas telas abri vinte janelas mas ainda não vi sol tô perdido no meio dessa gente que não sabe quem sou mas insiste em me contar como se sente tô carente preciso ser ouvido você nem levanta a testa quando conversa comigo tanta tecla pra teclar faltam olhos pra notar teu corpo nu matéria humana obsoleta relíquia de um passado cru tô cansado de todo esse teatro capricho no riso postiço pra sair bem no retrato tô cismado com a pulga atrás da orelha com tanta gente feliz que faz tudo quando e como dá na telha tô com medo do meu espelho preto que brilha em minhas mãos pra tirar nosso sossego tanta caixa pra checar faltam olhos pra notar teu corpo nu matéria humana obsoleta relíquia de um passado cru
11.
não quero mais que um minuto do seu tempo pra registrar teu sorriso desatento para guardar na memória cada tique nervoso do teu rosto manhoso eu tô com ciúmes da bahia que todo ano separa nós dois eu tô com ciúmes da bahia que te escondeu sem dizer onde foi não quero mais que um sussurro no ouvido pra bagunçar com meus cinco sentidos pra acabar com o vazio que eu levo no peito meu encaixe perfeito eu tô com ciúmes da bahia que todo ano separa nós dois eu tô com ciúmes da bahia que te escondeu sem dizer onde foi eu tô com ciúmes da bahia que sempre te rouba mas devolve depois

credits

released November 9, 2018

todas as composições por Paulo Chaves

produzido por André Zinelli
arranjos por Paulo Chaves, André Zinelli, Gabriel Migão, Isabella Pina, Pedro Barbosa e Pedro Lacerda
preparo vocal por Pedro Souto

gravado por Diego Poloni e André Zinelli em março de 2018
mixagem e masterização por Diego Poloni

fotos da capa e encarte por Carine Wallauer
design e diagramação por Bepo

assistência executiva por Bibiana Rosa e Fernanda Duarte
assessoria de imprensa por Almu
agenciamento de shows por Letícia Tomás

Brasília, Brasil, 2018.

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